Irene chegou em Brasília em 1960. O marido, Mário Carvalho, veio antes com um irmão, em 1958, para definir onde seria a filial da goiana Casa do Barata. O endereço escolhido foi na 506 Sul. A famosa loja de ferragens funcionou até 1995, quando fechou suas portas. A força de seu nome, no entanto, assim como o símbolo da loja, um serrote luminoso, é lembrado por muita gente até hoje.
O ano de 1959 foi dedicado à edificação do prédio de quatro andares: subsolo, térreo e dois andares para a residência da família. Foram inúmeras as idas e vindas até Goiânia- por uma estrada de terra em quase toda a sua extensão, para visitar a família.
Aos poucos, recorda Irene, a cidade ia ganhando forma. Havia inaugurações frequentes de lojas, bancos, bares, sorveterias, casas de doces. Tudo com muitos fogos de artifícios e coquetéis para todos. Era um clima de festa permanente a fazer contra-ponto a poeira- quando o clima era seco, e a lama- quando a chuva era intensa. Muita gente ficava desiludida ao chegar, diz Irene, imaginando que a cidade estava pronta, e encontravam um canteiro de obras.
A visão
Irene conta que viu Brasília 40 anos antes da cidade ser inaugurada. “Eu devia ter uns 13 anos, acordei de madrugada e tive a visão de uma cidade diferente, futurista, e uma voz me disse ‘esta é a cidade um novo tempo, e você vai morar lá’. Quando cheguei em Brasília, em 1960, tive certeza de que era a cidade da minha visão”.
Junto com o marido, Irene fundou o Nosso Lar, no Núcleo Bandeirante, que abriga crianças em situação de risco. São 90, de várias idades. Ela também é autora de teatro, com 36 peças encenadas, todas com a temática espírita como pano de fundo, e também escreve livros. Na visita que fizemos ao seu apartamento para esta entrevista, ela nos presenteou com o livro de sua autoria “Amanhã será outro dia” – pelo espírito Franco Leal.