sábado, 30 de janeiro de 2010

Arquitetura de Niemeyer na Itália

Com uma larga agenda de eventos programados, foi inaugurado na sexta-feira (29), na cidade de Ravello, na Itália, o Auditório Oscar Niemeyer. A obra é ousada como o projeto construído pelo arquiteto para Brasília há mais de 50 anos, onde as curvas imperam sobre as retas.


A onda de cimento armado de Niemeyer pode ser vista de longe, num pequeno trecho da costa Amalfitana, no sul da Itália. O novo auditório da cidade de Ravello, que fica debruçado sobre um precipício junto ao mar, custou 18,5 milhões de euros, ou RS$ 48 milhões, financiados pela União Europeia.

Niemeyer começou a projetar o auditório em 2000, a pedido do amigo Domenico De Masi, sociólogo que preside a Fundação Ravello, que encomendou a obra. O projeto demorou para sair do papel por causa de uma lei local que impede novas construções na cidade, de apenas 2,5 mil habitantes.

Depois de oito ações judiciais obstruindo a obra, o auditório finalmente saiu do papel quando o governo da região de Campânia aprovou uma lei regional se sobrepondo às restrições locais de Ravello e liberando a construção. "A construção do auditório foi um primeiro milagre diante da burocracia do país. O segundo milagre foi deixar praticamente todas as pessoas a favor do projeto", diz De Masi.

O projeto italiano de Niemeyer lembra bastante o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Assim como seu similar fluminense, o auditório italiano está à beira da costa, frente ao mar. O auditório, em formato de uma enorme concha acústica, tem as fachadas frontal e lateral espelhadas, que duplicam o efeito visual da paisagem cinematográfica.

Internamente, as paredes e os tetos foram cobertos de placas onduladas de acrílico. Esse material, aliado ao formato côncavo do salão, garante uma reverberação sonora perfeita. O piso é de parquet (pedaços de madeira de tamanhos variados).

As poltronas foram desenhadas pelo próprio Niemeyer e produzidas pela fábrica italiana Frau, uma empresa de design de grande projeção internacional. As cadeiras são revestidas com uma tela especial em quatro tonalidades diferentes de azul, reproduzindo as cores do mar.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O repouso da guerreira


As crônicas do médico Célio Meneccuci fazem sucesso no blog. Hoje publicamos mais uma história contada por este pioneiro que ajudou a fazer a história de Brasília.

“Dia oito de setembro de 1958. Meu primeiro plantão no Hospital do IAPI, Brasília. Mais ou menos às sete da noite, depois de eu ter dado um duro daqueles, aproximou-se um humilde trabalhador que sem mais delongas se dirigiu a mim, indo logo ao assunto que o trazia a minha presença:

- Doutor, minha mulher está aí para descansar.

Eu confesso que não estava de bons bofes e não lhe dei muita atenção, e mais, fui até descortês.

- Olha, mermão, se sua mulher quer descansar, que vá para o hotel, que é o mais apropriado. Por sinal, fiz-lhe até uma indicação, que não deixava de ser também uma propaganda.

- Dizem que o melhor é o Hotel Buriti.

O indivíduo não se deu por achado, permaneceu ao meu lado e insistiu na sua pretensão:

Doutor, me disseram que quando minha mulher fosse descansar que ela seria atendida aqui.

-Ora, meu amigo, você já está me irritando. Se quer descansar, que vá para o hotel. E, já bastante agressivo, gritei para o porteiro:

- Seu Gessé, por favor, dê um jeito nesse candango que quer que sua mulher venha descansar aqui.

O porteiro, ressabiado, respondeu:

-Doutor, descansar é dar à luz".

sábado, 16 de janeiro de 2010

Zilda Arns e o Haiti

O blog presta hoje uma homenagem à médica sanitarista Zilda Arns, morta em missão durante o terremoto no Haiti que vitimou milhares de pessoas. Seu sepultamento será hoje em Curitiba. A Dra. Zilda, fundadora da Pastoral da Criança, ajudou a salvar milhões de vidas em mais de 30 anos de luta, inclusive em Brasília, onde implementou a Pastoral e treinou as multiplicadoras.



Nossa homenagem se estende ao sofrido povo do Haiti, vitimado desde a colonização francesa e espanhola, que escravizou etnias africanas. Abandonado pelas grandes nações, o Haiti pede socorro. Se a opressão não foi capaz de atrair o olhar do mundo para o Haiti, talvez o terremoto cumpra esse papel e consiga salvar àqueles que sobreviveram de uma morte anônima no futuro. O apoio do mundo todo, a solidariedade e a construção coletiva de alternativas políticas e econômicas pode dar esperança ao povo haitiano.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Niemeyer desiste de ser candidato

O arquiteto de Brasília, Oscar Niemeyer, quase teve uma carreira política. Quase, porque resistiu ao convite feito pelo então governador do Distrito Federal José Aparecido e desistiu da empreitada antes mesmo de iniciá-la.

Leia a carta enviada por Niemeyer ao governador:

“Prezado amigo José Aparecido

Hoje, ainda deitado, madrugada e tudo escuro, fiquei a pensar nos meus problemas e nessa ameaça de candidatura que você tão generosamente propõe.

Lembrava-me da primeira carta que lhe escrevi e dos argumentos apresentados. Razões de tempo, idade, trabalho, convicção política etc. Problemas que nesses sete dias passados em Brasília se converteram em um exemplo irrefutável da impossibilidade de atender outras atividades além das que, como afirmei, me absorvem inteiramente.

E lembrar como trabalhei esta semana! Primeiro o projeto do teatro de Taguatinga. Um tema simples mas que exigia solução econômica, atualizada e uma certa originalidade capaz de comover aquela pobre gente; depois, a sede do PMDB, localizada em terreno exíguo, relembrando, por isso mesmo, um espaço arquitetônico mais trabalhado, o plenário da Câmara dos Deputados, um projeto que me prendeu três noites seguidas, debruçado em prancheta, entusiasmado com a solução encontrada, criando um espaço privativo para os deputados e um novo recinto com capacidade para 800 congressistas”.

E Niemeyer segue enumerando a quantidade de trabalho que tem para se desculpar diante de Zé Aparecido e desistir da candidatura ao Senado. A carta é de 1986, um ano antes ele havia transferido o título eleitoral do Rio de Janeiro para Brasília.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A Marcha do Amanhecer


Este é o título de um dos livros escritos pelo presidente Juscelino Kubitschek. No dia 20 de outubro de 1962 ele fez uma dedicatória na página de rosto da publicação para o seu grande amigo, o coronel Affonso Heliodoro dos Santos.

Fiel escudeiro de JK, o coronel assumiu vários cargos no governo do presidente Bossa Nova, inclusive o de subchefe da Casa Civil da Presidência da República. Hoje, aos 94 anos de idade, o coronel preside o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHGDF). JK escreveu:

“Ao caro amigo Affonso ofereço este livro em que procurei condensar o esforço do meu governo, esforço para o qual você contribuiu de maneira valiosa, inscrevendo-se em várias frentes desta luta pelo Brasil”.

Em outra publicação, Por que Construí Brasília, KJ também faz dedicatória ao coronel:

“Amigo dos mais chegados ao meu coração, companheiro que enfrentou comigo todas as lutas, que acompanhou o meu caminho e me ajudou a divulgar o esforço do meu governo em realizar Brasília”.