sábado, 24 de abril de 2010

O passageiro da esperança

Com o nome de "O passageiro da esperança" o espaço cultural da Caixa, em Brasília, expõe até o dia 23 de maio fotos de Mário Fontenelle (1919-1986) que registram a construção da capital e a vida de seus pioneiros. Fontenelle não era fotógrafo de profissão, era mecânico de aviões e amigo do presidente Juscelino Kubitschek.

Natural do Piauí, Fontenelle foi para o Rio de Janeiro, então capital da República, para estudar. Inovador, acabou cursando mecânica de aviões. Viajando a bordo do avião de JK, Fontenelle percebeu a importância do momento e pediu uma câmara emprestada. O presidente lhe deu de presente uma Leica. Foi com ela que Fontenelle fez o primeiro registro aéreo do cruzamento dos eixos de Brasília. Muitas outras fotos viriam depois para que o registro da obra monumental que foi a construção de Brasília entrasse para a história.

O blog recomenda a visita à exposição. É muito bom conhecer mais sobre a capital do Brasil.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Brasília 50 anos


Hoje é 21 de abril. Há 50 anos, a capital de todos os brasileiros era inaugurada pelo presidente da República Juscelino Kubitschek em missa campal no Eixo Monumental, com milhares de pessoas presentes. Vieram de todas as Unidades da Federação para tornar realidade o sonho de Dom Bosco e a determinação de JK.

O blog Cartas de Brasília presta uma homenagem a todos que ajudaram a construir Brasília, aos "pioneiros do antes", que chegaram quando só havia o Cerrado, homens e mulheres que emprestaram sua inteligência e força de trabalho para tornar possível a nova capital. Agradecemos especialmente a todos aqueles que deram depoimento ao blog, compartilhando com navegadores da internet suas histórias e emoções.

A foto mostra JK e o arquiteto Lúcio Costa no local demarcado para dar início a construção das pistas do Eixo Monumental em 1957. Por meio desse registro histórico, homenageamos todos os pioneiros de Brasília e aqueles que elegeram a cidade como lar.

sábado, 17 de abril de 2010

Toniquinho JK

O advogado Antônio Soares Neto, 84 anos, é o famoso “Toniquinho JK”. Entusiasmado com os 50 de Brasília, Toniquinho participou de uma solenidade dia 16 de abril, no Memorial JK, em homenagem aos pioneiros e atendeu o pedido de inúmeras entrevistas. Voltar à Brasília, no aniversário de meio século da capital, é para o advogado “um momento de grande emoção”. Centenas de crianças visitaram o Memorial JK nesse dia e fizeram fila para conhecer o famoso “vovô”.

Toniquinho diz sentir-se gratificado com a construção de Brasília, já que a pergunta que deu origem à obra foi feita por ele em 1955, aos 29 anos. “Tudo começou em Jataí (GO), desde Tiradentes a capital do Brasil deveria ser interiorizada”, lembrou e, em seguida, acrescentou: “que o espírito de JK prevaleça e ilumine nosso povo”. Toniquinho adotou as iniciais “JK” até em seu endereço eletrônico, é como uma marca.

A pergunta

A história da construção de Brasília começou em 1955 com um telegrama de Juscelino Kubitschek, em campanha para a presidência da República, enviado a Serafim de Carvalho, seu amigo. Ele abriu o envelope e compartilhou a notícia com Luziano Ferreira de Carvalho, o prefeito da goiana Jataí, e seu primo Antônio Soares Neto, o Toniquinho, que muitos anos depois viria a assinar “Toniquinho JK”.

Juscelino, governador de Minas, avisava que: em uma semana estaria desembarcando em Jataí. Que organizassem tudo. Era ali, no interior de Goiás, que começaria sua campanha.

Nessa época, Jataí tinha 10 mil habitantes. Todos trabalharam com afinco para recepcionar Juscelino. O prefeito decretou feriado municipal. Ele também era do Partido Social Democrata (PSD), o mesmo de JK.  Toniquinho auxiliou nas preparações. Foi montado um palanque na Praça Tenente Omar Menezes. Aos 29 anos, Toniqunho trabalhava vendendo seguros e estudava para ser tabelião em Goiânia. Gostava de ler a Constituição. No dia 4 de abril, uma segunda-feira, ele acordou cedo e foi garantir seu lugar no comício de JK.

Juscelino Kubitschek fez seu discurso em cima da carroceria de um caminhão estragado. Fez uma analogia de suas palavras com o Sermão da Montanha. Aplausos. Jurou respeitar a Constituição. Tinha um enorme compromisso com a Constituição, repetia. Toniquinho aproveitou o momento, levantou a mão, e fez a famosa pergunta:

 “Se eleito for, o senhor irá transferir a capital para o Planalto Central, como prevê a Constituição?”

Silêncio. Juscelino tinha jurado cumprir a Constituição. A pergunta era difícil, mas oportuna. E JK respondeu que, com as graças e a bênção de Deus, iria cumprir a Constituição e transferir a capital para o Planalto Central”.

Saiba mais

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brasília 50 anos: eventos contam a história

No Senado, paineis registram a construção do Congresso. No aeroporto, exposição mostra obras da Terracap que fazem parte da história de Brasília.

Iniciativas importantes ajudam a recontar a história de Brasília no mês em que a cidade completa 50 anos. Entre inúmeros eventos, o site destaca a exposição Um Passeio pela Construção da Nova Capital, no Salão Negro do Senado, que reúne fotos e documentos que registram o processo de transferência da capital da República do Rio de Janeiro para Brasília, aberta para visitação até o dia 29 de abril, das 9h30 às 17 horas (fotos 1 e 2).


No aeroporto Juscelino Kubitschek uma exposição de 128 fotografias e projetos arquitetônicos resgata a história das grandes obras da cidade. É a exposição “Terracap nos 50 Anos Brasília”, instalada no Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek, que pode ser visitada das 8 às 23 horas até o dia 30 de abril.

A exposição reúne imagens de obras que a Terracap financia desde 1973, quando a empresa entrou em operação. Por meio dessas imagens, é possível acompanhar o desenvolvimento urbano de Brasília e a importância que as obras têm para a cidade. É o caso do Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, o Teatro Nacional, o Parque da Cidade, o Memorial JK, o Pontão do Lago Sul, o Metrô, o Centro Cultural da República, o novo Centro de Convenções, a Ponte JK, a Vila Olímpica de Samambaia e o Noroeste.


Na foto ao lado, Andréia Moura, diretora Técnica da Terracap, explica o projeto do setor Noroeste junto à maquete do empreendimento.


Saiba mais no site do Senado

domingo, 11 de abril de 2010

Cartas de Brasília em exposição

O blog Cartas de Brasília caminha rapidamente para se transformar em uma exposição itinerante a partir de junho. As cartas trocadas entre os pioneiros, as cartinhas de agradecimento enviadas por JK a todos aqueles que ajudaram a construir a nova capital, bilhetes, fotos e documentos serão expostos ao público. Estamos revisitando todos os que deram depoimento ao blog para buscar os originais dos documentos dos quais tiramos cópias e pedir autorização de uso das imagens. Daremos mais detalhes nos próximos posts. Aguardem. Se você tem cartas da época da construção de Brasília, entre em contato pelo blog ou envie mensagem para marturcato@gmail.com e tmribeiro@gmail.com.

sábado, 3 de abril de 2010

O amor nos tempos da Missão Cruls

Inúmeras cartas de amor foram trocadas entre o engenheiro militar Hastimphilo de Moura, durante a Missão Cruls, com sua esposa Clarinda. Integrante das duas comissões lideradas pelo astrônomo belga Luiz Cruls, a de 1892 e a de 1894, que demarcaram a primeira grande área de onde surgiu o Distrito Federal, Hastimphilo deixou diários de campo. O relato de seu amor e de sua saudade é revelado em seis cadernetas que foram entregues ao Arquivo Público do Distrito Federal pelo filho caçula de Hastimphilo, Adimir de Moura, já falecido.

Essa incrível história de amor foi publicada no dia dois de agosto de 2009 pela jornalista Conceição Freitas no jornal Correio Braziliense. Dois pesquisados de Brasília estão em busca de mais informações para transformar em livro a vida de Hastimplilo e Clarinda. O blog Cartas de Brasília publica hoje um extrato dessa história inspiradora.

A paixão era tão grande, que Clarinda juntou-se à expedição entre 1894 e 1895. Em telegrama ao Centro Acadêmico da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, onde foi homenageada, a viúva agradece e conta que teve a honra de ser a primeira senhora pisar o solo goiano, permanecendo cerca dois anos na companhia do marido. A homenagem foi feita no fim da década de 1950, em data que se perdeu.

O filho do casal apaixonado contou, em depoimento ao Arquivo Público do Distrito Federal, em 1995, que o pai quis abandonar a Missão Cruls e voltar ao Rio de Janeiro. “Não, eu vou pra aí”, ela decidiu. Clarinda estava com 18 anos e era mãe de uma menina, Altair, nascida quando Hastimphilo estava na missão de 1892.

Clarinda viajou até a Uberaba, Minas Gerais. Hastimphilo esperou pela mulher e pela filha naestação da estrada de ferro Mogiana. De lá, os três seguiram em lombo de burro até um dos acampamentos da Missão Cruls, entre Pirenópolis, cidade de Goiás, Luziânia e Formosa.

Muitas cartas

Entre junho e dezembro de 1892, o engenheiro escreveu cerca de 70 cartas para a esposa, além de telegramas, e esperava as respostas com muita ansiedade. O desejo de chegar à próxima cidade, onde houvesse uma agência postal, fazia o engenheiro antecipar partidas, na pressa de reencontrar cartas da esposa.

Hastimphilo escreveu, próximo à Lagoa Feia, em 27 de agosto de 1892: “Quanto mais affasto-me da minha Lilinda mais saudoso fico”. Fazia quatro meses que o apaixonado não via a mulher de sua vida. Anotou, no domingo 16 de outubro de 1892:  “Ultimamente muito tenho sofrido, porque quero ir para junto dela e não posso. É um verdadeiro dezespêro!”

Em 15 de dezembro de 1892, o engenheiro fez o registro: “Confesso que não sei bem qual a minha molestia, que me conserva até hoje abatido e em uso do quinino. Multiplas são as cousas em cujo número está o soffrimento moral, porque as saudades da minha Lilinda são grandes; não tenho recebido cartas, por causa da falta dos correios e via diante de mim uma longa demora (e sem necessidade) em Goyaz”

Os sete filhos de Hastimphilo já morreram. A advogada Maria Lúcia de Moura, 63 anos, neta do casal apaixonado, mora no Rio de Janeiro, guarda fotos dos avós e algumas lembranças. Quando o avô morreu, aos 92 anos, em 1957. Clarinda morreu dois anos depois, em 59.

Objeto de pesquisa

O amor de Hastimphilo e Clarinda despertou o interesse de pesquisadores da história de Brasília. Desde que folheou as seis cadernetas de anotações do engenheiro militar da Missão Cruls, o arquivologista Euler Frank Barros, diretor do Arquivo Permanente do Arquivo Público do Distrito Federal, se interessou pelo texto como quem lê um romance. Embalado pelas impressões pessoais do autor, começou a transcrição paleográfica das seis cadernetas.

O historiador Wilson Vieira Júnior, da Universidade de Brasília, também se encantou com a história de amor. Em A Fazenda Velha nos caminhos da Missão Cruls, Vieira Júnior e Deusdedith Rocha Júnior fazem o primeiro registro da presença de uma mulher na Missão Cruls e do amor de Hastimphilo por Lilinda.