“Dia oito de setembro de 1958. Meu primeiro plantão no Hospital do IAPI, Brasília. Mais ou menos às sete da noite, depois de eu ter dado um duro daqueles, aproximou-se um humilde trabalhador que sem mais delongas se dirigiu a mim, indo logo ao assunto que o trazia a minha presença:
- Doutor, minha mulher está aí para descansar.
Eu confesso que não estava de bons bofes e não lhe dei muita atenção, e mais, fui até descortês.
- Olha, mermão, se sua mulher quer descansar, que vá para o hotel, que é o mais apropriado. Por sinal, fiz-lhe até uma indicação, que não deixava de ser também uma propaganda.
- Dizem que o melhor é o Hotel Buriti.
O indivíduo não se deu por achado, permaneceu ao meu lado e insistiu na sua pretensão:
Doutor, me disseram que quando minha mulher fosse descansar que ela seria atendida aqui.
-Ora, meu amigo, você já está me irritando. Se quer descansar, que vá para o hotel. E, já bastante agressivo, gritei para o porteiro:
- Seu Gessé, por favor, dê um jeito nesse candango que quer que sua mulher venha descansar aqui.
O porteiro, ressabiado, respondeu:
-Doutor, descansar é dar à luz".
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