De formação renascentista, o calculista do arquiteto Oscar Niemeyer, o pernambucano Joaquim Cardozo, revolucionou todas as normas de engenharia para construir Brasília. Cardozo era um intelectual do Recife, parceiro do modernista Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, chargista, professor universitário, editor e filósofo. Niemeyer o considerava o homem mais culto do Brasil.
No fim dos anos 50, as regras de engenharia estabeleciam o uso de, no máximo, 6% de barras de ferro nas estruturas de concreto. Cardozo pôs 20% de ferro na trama das colunas, rompendo com os modelos de cálculos da época. O recurso permitiu que as colunas do Palácio do Planalto sugerissem leveza mas fossem fortes para sustentar a laje.
As colunas do Planalto, que tocam o chão e o teto, parecem flutuar. Para o urbanista e arquiteto Jeferson Tavare, da USP de São Carlos, Joaquim Cardozo alimentava "um protesto silencioso contra o óbvio".
O calculista de Brasília morreu triste e praticamente só (era solteiro e não teve filhos), aos 81 anos de idade, em 1978, em consequência de uma forte depressão após a morte de 68 operário vítimas do desabamento de uma obra calculada por ele, o Pavilhão da Gameleira, em Belo Horizonte. Foi condenado em primeira instância e absolvido em segunda.
sábado, 15 de maio de 2010
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