sábado, 11 de setembro de 2010

Um professor pioneiro no Planalto Central

Spezia quase foi ordenado padre, mas se apaixonou por jovem goiana e deu novo rumo a sua vida.

O professor Delfino Domingos Spezia foi um pioneiro em Goiás e no Distrito Federal. Ele iniciou a carreira de educador no Ginásio Arquidiocesano do Planalto, em Formosa (GO), em 1946. Depois, foi professor e diretor do Colégio de Planaltina (DF), de 1960 a 1966; diretor do Colégio de Sobradinho (DF), de 1966/1967; professor e assistente de direção no Centro de Ensino Médio Elefante Branco, 1967/1969; professor no Colégio do Plano Piloto, em 1969, e  primeiro diretor do Centro Educacional da Asa Norte, CAN, de 1970 a 1980. Quem conta esta história para o blog é a filha primogênita, Maria Izabel Persijn, artista plástica, porque o pai sofreu um AVC e tem um pouco de dificuldade para falar.

O professor Spezia encerrou suas atividades como membro do Conselho Federal de Educação, em 1993. Ele é do quadro da Associação Nacional dos Escritores, ANE, e faz parte do Clube dos Pioneiros de Brasília. Tem dois livros de poemas publicados: Folhas de Outono (2001), com ilustrações da filha Maria Izabel, e Pescador Solitário (2010), com gravuras da filha Karine e fotos da neta Aline. Este último foi lançado no início de setembro, em concorrido evento na ANE.

Natural de Santa Catarina, Spezia nasceu em dezembro de 1923 na cidade de Luiz Alves, filho dos agricultores Bonifácio e Maria Balsanelli. Sem vocação para os trabalhos rurais e sim para a literatura, o menino Delfino Domingos foi enviado para um seminário, única oportunidade de ter acesso a uma educação clássica, primeiro em Lavrinhas e depois Pindamonhangaba, duas cidades do interior paulista.

Mas, na sua grande primeira missão em Formosa, ainda como seminarista, apaixonou-se pela jovem Maria Mirtes de Macedo e desistiu da ordenação como padre. Casaram e tiveram cinco filhos: Maria Izabel, Telma, Domingos Sávio, Carlos Humberto e Karine. Hoje o casal de pioneiros tem 12 netos e duas bisnetas. Na foto abaixo, a filha Maria Izabel exibe orgulhosa os livros do pai.

Spezia recebeu as seguintes condecorações:

- Título de Cidadão Formosense – da Prefeitura Municipal de Formosa, GO – 1960;
- Diploma de Benfeitor do Santuário Nacional de Fátima – Brasília – 1978;
- Medalha Mérito do Buriti – concedida pelo Governo do Distrito Federal – 1981;
- Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres – Ministério da Educação da França – 1983;
-Diploma e Medalha de Honra ao Mérito, do Clube dos Pioneiros de Brasília – 1995;
- Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho – Cavaleiro – 1997.

Poema de Spezia, livro Folhas de Outono:

Em tudo aquilo que faço
Há sempre um sinal, um traço
do que fui, do que ficou.
Em cada gesto o cansaço,
o moroso e incerto passo
de quem muito caminhou.

6 comentários:

  1. Delfino é um homem maravilhoso, cuja sabedoria e jeito brincalhão encantam.

    Sinto-me muito honrada em poder ter tido contato com ele, mesmo que poucos.

    Merece cada homenagem que recebeu!

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  2. Estudei de 1976 a 1980 no CAN, da 7ª série ao 3º ano/EM. Lembro-me do Diretor Delfino, sempre à frente das turmas em fila na hora da entrada, com o sino na mão. Ali mesmo ele ensinava a diferença entre "escutar e auscutar", e que as meninas deviam deixar a maquiagem para o fim de semana. Havia também o inspetor, Sr. Jacó.
    Eu sou a aluna que ganhou o Concurso Alguma Poesia em 1980 e recebi a obra enviada por Drummond.Parabéns ao Diretor Delfino e suas filhas. Gostaria de dizer-lhe que hoje sou servidora da Justiça. Vou mostrar esta página à Prof. Creuza Augusta que é hoje professora no CAN,atual Paulo Freire.

    Norma - Brasília

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  3. Delfino Domingos Spezia meu querido tio-avô, sempre nos enche de orgulho quando se manifesta. É uma alegria imensa ver o carinho das pessoas para com ele.

    Jozemar de Souza - Jaraguá do Sul-SC

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  4. FUI ALUNA DO CAN , NA DÉCADA DE 80 E LEMBRO COM IMENSO CARINHO DO PROFESSOR DELFINO... LONGE DE SER LINHA DURA, ELE ERA NA VERDADE PURO CORAÇÃO. DISCIPLINADOR MAS SEM ARROGÂNCIAS. ORGULHOSO DE SEUS ALUNOS. QUE SAUDADE ! FORMEI-ME EM JORNALISMO E, JÁ Á ÉPOCA ADORAVA DE PARTICIPAR DE TODAS AS ATIVIDADES CULTURAIS POR ELE INCENTIVADAS. QUE LEGAL ESSE BLOG
    DORALICE GONÇALVES ( DORINHA )

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  5. Muito bom saber notícias deste homem que foi antes de tudo um verdadeiro EDUCADOR.
    Junto com o professor Jacó, fizeram revoluções educacionais, em nosso antigo e saudoso CAN.
    Quem se lembra que o emblema da escola era um peixinho, salvo engano da cor azul.
    Alguém lembra que no intervalo,antigo recreio,rsrs, tinha música e podiamos dançar.Época em que estudar tornava-se um prazer... muitas saudades!Rosimary

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  6. Estudei no CAN de 1977 e 1978 depois de voltar da Argentina onde estudei de 73 a 77. Eu já o conhecia pois meus irmãos estudaram lá também. Participei do concurso de Redação da Batalha Naval do Riachuelo e ganhei em 1o. Lugar. Ganhei um prêmio em dinheiro, que agora não sei qual seria o valor, mas pude usar ele para inscrição no vestibular. O nosso bedéu era muito engraçado se fazia de durão mas ficava rindo da gente depois de botar a gente pra correr pra dentro da sala de aula.

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