As primeiras cartas chegavam no vôo das cinco horas. Às seis, as cartas já estavam na esteira da Agência Central dos Correios, em Brasília. E lá estava Marlene Maria Santos para acompanhar a primeira triagem da correspondência. Foi na esteira que Marlene identificou a letra do namorado sumido, enviando uma carta de Belo Horizonte (MG) para o primo em Sobradinho.
Separadas pela origem e destino, depois as cartas eram enviadas para as agências dos Correios na quadras residenciais. Material suspeito não seguia em frente. Marlene separava o envelope, ou pacote, e mandava para averiguação, onde o Raio-X se encarregava de descobrir o conteúdo.
Marlene faz lembrar o livro Cartas na Rua, de Charles Bukowski, que trabalhou como funcionário dos Correios dos Estados Unidos por muitos anos, até se transformar em um escritor de sucesso e escrever sobre sua experiência com as cartas em um de seus romances.
Foi por trabalhar durante 26 anos nos Correios que Marlene aposentou. A confirmação do emprego, há quase três décadas, chegou num telegrama. A irmã caçula, em uma família de seis irmãos, Marilda, é aposentada do Ministério da Agricultura. Ambas moram em um apartamento da 409 Sul, quadra destinada a funcionários do Senado, no início de Brasília. O pai delas, Olívio, era do Senado, no Rio de Janeiro, veio transferido em 1959. A mãe, Nair, e os filhos, chegaram no dia 11 de junho de 1960. Os pais eram de Alagoas.
Na opinião de Marlene, “os anos 60 foram bons demais!”.
Coisa boa é receber carta, algo pessoal que não é enviado com cópia para mais dezenas de pessoas. Lembro de um período em que contava as horas esperando pelo carteiro, perturbava o porteiro: "Ele já chegou?". Saudades do tempo em que o carteiro entregava cartas de saudade e não apenas contas. Adorei o blog.
ResponderExcluirO blog não fará feriado. Aguardem novos posts. Como era bom receber cartas do Carteiro! Que saudades...agora só chegam contas...
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