Um dia depois de deixar o Brasil, com seus direitos políticos cassados, o presidente Juscelino Kubitschek desembarcou em Madrid para fazer uma conexão para Paris. Da Espanha enviou o seguinte telegrama para o coronel Affonso Heliodoro dos Santos:
“Affonso, Deus te pague.” Madrid, nove de junho de 1964.
Em econômicas palavras, disse tudo.
Um mês depois, já em Paris, JK enviou uma afetuosa carta ao coronel, onde revelava que sentia saudades da rotina do trabalho. O coronel era o primeiro a despachar com o presidente, antes das seis horas, e o último a se despedir, sempre depois da meia noite.
“Juscelino dormia pouco, cinco horas no máximo. E eu menos ainda”, relembra o coronel para logo acrescentar: “Tinha que ser assim, se não Brasília não ficaria pronta em cinco anos”.
Uma revelação escapa enquanto relembra o convívio com o presidente JK: “sonho com ele todas as noites”.
O coronel Affonso Heliodoro dos Santos, 94 anos, nasceu em 16 de abril em Diamantina- um Domingo de Ramos, e ficou órfão de pai aos sete, justamente no dia de seu aniversário. Na data em que o pai partiu para sempre o menino Affonso começou a trabalhar por total necessidade. Eram sete crianças que a viúva precisava criar.
O coronel nos recebeu hoje no Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, que preside e dá expediente diário, sempre à tarde. Nesta quinta-feira o coronel nos reservou 30 minutos, porque tinha uma reunião logo após, mas acabou nos brindando com uma hora de agradável conversa.
Muitas são as recordações históricas do coronel. O blog vai publicar o resultado desse emocionante encontro ao longo dos próximos dias.
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