sábado, 19 de setembro de 2009

O aniversário que não foi festejado

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 1987

Prezado amigo José Aparecido:

Hoje voltei a pensar nas comemorações que você com tanta generosidade vem programando para o meu aniversário e nos amigos que o cercam, colaborando nessa iniciativa.

E resolvi, um pouco tarde infelizmente, tomar uma deliberação e dizer francamente porque delas não vou participar.

Primeiro, é um problema de consciência. Afinal muito brasileiros que por maiores feitos as mereciam, não as receberam. Segundo, em corolário, porque não me sinto com direito para tantas honrarias.

Na verdade, meu amigo, passei pela vida como outro homem qualquer. Nada de excepcional. Os mesmos problemas de trabalho e subsistência, de sonhos, tristezas e fantasias.

Se trabalhei muito foi por ter como ofício um trabalho que me atraiu e apaixonou pela vida afora e se o desempenhei a contento foi porque o destino para isso contribuiu.

Não vejo portanto razão válida para tantas homenagens, que agradeço por sabê-las de pura, invariável e recíproca amizade.

Confesso, caro amigo, que meu desejo é passar meu aniversário em completo anonimato. Data que, a meu ver, não deve entusiasmar ninguém.

Um abraço

Oscar

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