sábado, 26 de setembro de 2009

Maura II: A resistência no Núcleo Bandeirante

A pedagoga Maria Maura Figueiredo é a guardiã da memória do padre Roque. Sabe tudo sobre a vida do padre e mais ainda sobre o Núcleo Bandeirante, onde vive desde 1960. Entre fotos e anotações, Maura mostra a pequena publicação com informações sobre o padre.

Ordenado sacerdote em 1947, foi indicado para uma paróquia em Bagé (RS), depois foi para Araxá (MG), seguiu para Vitória (ES) e, em 1956, quando JK iniciou a construção de Brasília, foi para Goiânia e de lá para o Núcleo Bandeirante, indicado pelo padre Virgínio Fistarol, que era o inspetor na época. Os salesinaos foram a primeira ordem religiosa a desembarcar em Brasília.

No começo, o padre morou no hotel Dom Bosco. Maura conta que o padre as vezes comentava como tinha sido a vida no hotel: um caos.

“O quarto era coletivo, não havia privacidade, era um entra e sai”. O empresário Ildeu Oliveira, da construtora ENAU, ficou amigo do padre, e o levou para morar em um dos quartos do alojamento da empresa, perto do aeroporto e perto do Núcleo Bandeirante.

Na primeira igreja do Núcleo, de madeira, o padre dava aulas para as crianças. Não havia colégio nem professores. Ele foi o primeiro professor.

Maura recorda também que o padre era muito amigo de Garcia Neto, jornalista, fundador do jornal Núcleo Bandeirante, em 1961. Ao lado de outros pioneiros e junto com o padre Roque, Garcia Neto defendia a fixação do Núcleo Bandeirante contra a vontade do governo federal, na época o presidente era Jânio Quadros.

“De vez em quando algumas casas eram queimadas para assustar os moradores e fazer com que desistissem de ficar no Núcleo. As pessoas diziam que era coisa do governo”, comenta Maura e acrescenta: “vi muito corre-corre por aqui”.

Amanhã, domingo, Maura vai avisar na missa das 10 horas que estamos buscando mais depoimentos, mais cartas, mais memórias. Quem tiver histórias para contar pode entrar em contato conosco ou navegar no blog e deixar um comentário sobre o início de Brasília. Estamos aguardando!

2 comentários:

  1. O Núcleo Bandeirante é onde tudo começou. Uma bela história de resistência e o padre Roque ajudou a comunidade.

    Maria Cláudia

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  2. O Núcleo Bandeirante tem muitas histórias. Ali deveria ter um espaço, um memorial, com parte importante da história da construção da cidade. Parabéns ao Blog, ao não permitir que essa memória morra.

    ado

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